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“Esse córrego? É igual carniça, até carniça cheira melhor que isso ai!” foi a primeira declaração que Dona Maria da Conceição disse assim que lhe perguntei a respeito do córrego próximo a sua casa na rua Maurílio Gomes da Silveira. Junto com a sua filha Sônia, as duas estavam na porta de casa olhando a rua quando me aproximei delas. Muito simpáticas e receptivas conversaram um bom tempo comigo, me contando a respeito de diversas situações que já presenciaram na região. Moradoras há mais de vinte anos, elas me contaram que as águas do córrego já estão contaminadas e poluídas há muito, mas que nem sempre foi assim. Os principais problemas apontados por elas foram o mal cheiro e a grande poluição provocada pelos próprios moradores. Durante a nossa conversa, elas também citaram um episódio que marcou muito a história delas no bairro. Há três anos, na virada do ano uma grande enchente foi responsável por desalojar famílias que moravam bem na margem. “ Ao invés de estarmos celebrando o ano novo estávamos ajudando a família a tirar tudo de casa. A água chegou até a nossa cintura. Foi o tempo do nosso vizinho entrar e pegar o seu nenemzinho! Foi horrível!”, disse Sônia a respeito do ocorrido. Elas me falaram que tal acontecimento foi um dos últimos e que depois disso nunca aconteceu mais nada parecido. Resolvi perguntar sobre como era a vida no bairro, Dona Maria da Conceição afirmou que era um bairro bom, mas que com o seu crescimento e com a chegada de novos moradores a violência aumentou. Segundo relataram, na área mais distante da avenida Olinto Meireles há muitos casos de roubos, assassinatos. “Uma vez encontraram até um corpo no saco preto aqui no córrego”. Sônia me contou que a prefeitura esteve presente quando o corpo foi descoberto e que foi uma grande confusão, mas que depois disso raramente profissionaiss da instituição apareceram lá. Durante todo o relato era notável a tristeza de mãe e filha sobre a atual situação do bairro e de como elas se sentiam afetadas com isso.

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