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Israel, 69 anos
Estamos observando a vegetação do local, vimos que o senhor tem uma horta, um viveirinho.
“Não, não é viveiro não. Eu ponho banana pros passarinhos comer, cê viu? E tem é muito, eu gasto 10 bananas, olha elas penduradas lá.”
Chamou nossa atenção porque as outras casas nem árvore tem.
“Mas eu gosto disso aí, o problema é que tá acabando tudo né?”
“Eu ponho as bananas por causa dos passarinhos, vem muito, eu gosto deles. Vem Sabiá, vem Gaturamo, vem Saíra, vem muito passarinho aí. Aqueles que tá ali é Gaturamo, esses amarelinhos. Tem até muito, mas quando chega gente eles vão embora. Eu gosto deles.”
E essa hortinha aqui é pro consumo do senhor?
“É, pra mim mesmo. Isso é pra nós. Eu gosto de plantar as coisas sabe. Tem couve, tem um punhado de coisa de chá. Isso aqui é chá, aquele lá é chá. Tudo aí é chá. Tem elervante, tem ogela, fucho, manjericão, rosa.”
E é só aqui na frente ou no fundo também?
“Só isso aqui, meu lote é só do lado de cá.”
“Isso aqui, tem 60 anos que eu moro aqui.”
Você lembra do córrego aberto?
“Ali era aberto, o córrego era aberto. Num tinha nada daquilo ali não. Foi a Mannesmann que fez, deve ter uns 20 anos que ela fez aquele muro ali. Ali era aberto, a gente pegava peixe ali. Pescava, pegava peixe ali. Pegava Piaba, pegava os peixes parecendo cobra, uns comprido assim. Ali dava, dava muito peixe. Dava bagre. Mas morreu, ficou poluído. Eu acho que agora já tá tendo peixe ali, parece que a água tá mais limpa.”
Já foi mais poluído?
“Nossa, aquilo ali era sujo demais. Um fedor. Agora nem mau cheiro vem mais não. Rato ainda vem, ainda vem aí, mas por causa do esgoto né? Eu criava passarinho, parei de criar passarinho por causa dos ratos, que comia os passarinhos tudo aí. Agora não tem mais não, parei de criar os passarinhos, sumiu. E tem gato também ne? Onde tem gato eles não vem.”
E o senhor tem filho? Eles brincavam no córrego?
“Tenho dois filhos. Meus filhos não brincavam não, meus filhos é mais novo né, isso aí é da minha época, mais antiga. Ali, até nadar nós nadava ali, menina. Acabou tudo. Ali tinha um poção ali naquela parte de cá. Nós pulava de lá de cima até na parte do poço. Acabou tudo, agora não tem mais nada. Agora é tudo fechado e poluído. Agora, quem vai entrar naquilo ali?”
Você acha que se desse uma limpada o pessoal ia ter contato?
“Já tá limpando, melhorou bem, porque tava bem poluído.”
“Seria bom, mas eles não deixam. Aquele pessoal ali não deixa não, já fechou tudo. Nem ali dentro a gente entra mais. Antigamente, ali tinha um campo, jogava bola. Até beber água daquele córrego a gente já bebeu. Agora não, é proibida a entrada.”

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