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Roberto Paiva, 60 anos
Railander, 63 anos, professor aposentado
O senhor mora aqui há quantos anos?
Roberto “54.”
E você lembra se as pessoas tinham mais contato?
Roberto “Esse córrego não era aqui não. Ah não, esse córrego era lá do outro lado, não era aqui não. Ele foi deslocado.”
E quando era do outro lado, tinha contato?
Roberto “Não, porque lá pra cima tinha muita nascente. Então a rapaziada brincava lá pra cima. Na agua lá em cima. Muitas vezes colegas meus, menino né, chegava sem roupa em casa.”
E aqui costuma inundar?
Roberto “Não, essa água desse córrego não passa pro lado de cá não. Não tem jeito não. Ela é muito fundo agora, porque a Vallourec, a Mannesmann ne, afundou ele. Até que lá em baixo, na portaria dois, na hora que você chegar no ponto de ônibus lá embaixo, se você olhar pra direita, você vai ver um vestiário que tá em cima dele. Então passa tudo por baixo. Isso aí nunca atrapalhou ninguém. Num tem a portaria 4A? Da portaria 4A pra cá, nunca atrapalhou ninguém, sempre foi tranquilo. Agora dali pra lá, tem um probleminha, naquele pedacinho né. Dali pra lá, pra cá, é tranquilo, sossegado.”
E você acha que a Mannesmann influenciou na poluição?
Roberto “Não, a Mannesmann não. A Mannesmann é uma empresa que, no meu entender né, eu trabalho dentro dela ainda. Ela sempre preocupou muito com isso, ela ajuda muito, participa muito. A Vallourec, que hoje é Vallourec né, empresa muito grande. Ela eu tenho que defender porque a gente tá vendo as coisas acontecer. Então eles preocupam muito com tudo isso, mas preocupa mesmo, não tem jeito. E eu tô lá dentro, até hoje foi tranquilo. Eu trabalho no vestiário lá em cima, na zeladoria do vestiário, eu tenho uma equipe por minha conta lá.”
E você sabe se a gente consegue visitar?
Roberto “Não, aí você tem que ir na prefeitura ali embaixo, não sei se é ali, ali embaixo, ou se é la na regional lá. Ai tem que fazer um pedido, pra eles agendar né, porque ai vocês já não podem entrar lá sozinha, tem uma supervisão.”
A população joga lixo por aqui? Carroceiros, ou a própria população?
Roberto “Não, carroceiro não existe. A não ser quando a gente chama. Da um exemplo né, vou dar um exemplo. Igual esse negócio aqui, se eu quiser jogar fora com um carroceiro eu tenho que chamar, ne? Ai já preparam tudo e deixa no cantinho pra ele chegar e ir lá e levar. E despeja no lugar adequado. Esse é meu irmão, ele é ligado a prefeitura.”
“Esse córrego aqui nunca deu trabalho pra nós não né?”
Railander “Tem que perguntar minha mãe né?”
Roberto “Minha mãe tem mais de 80 anos, ela não andava pra esses cantos, quem andava era nós.”
Railander “Pelo menos na época nossa aqui, não.”
Roberto “É, num tô falando?”
Voces chegaram a brincar?
Railander “Demais. Eu não, porque eu tenho medo de água até hoje, só tomo banho.”
Roberto “A meninada do barreiro brincava.”
Era aberto?
Railander “Era.”
Roberto “Tinha uma cerca.”
Railander “Tinha uma época que nem cerca tinha.”
Roberto “Ai colocaram a cerca. Isso aqui era um campo, capim alto nessa altura. Cheio de fruta isso aí, daqui até lá em cima.”
Antes da Mannesmann ne?
Roberto “Não, com a Mannesmann também.”
Mas a população não tinha acesso né?
Railander “Não, lá não pode ir mais não.”
Por acaso vocês tem foto dessa época?
Railander “Não, capaz de você conseguir na Prefeitura.”
Roberto “Ou com o Antônio Augusto, mas como é que eu vou achar o Antônio Augusto?”
Railander “Ah, é. Ele tem.”
Vocês tem o contato dele?
Roberto “Tem não, cara sumiu.”
Railander “Muito tempo que não vejo ele.”
Agora vocês acham que se voltasse o córrego a ser acessível à população, teria o mesmo contato?
Railander “Por hoje eu acredito que não. Acredito que não.”
Roberto “Ah, não.”
Railander “Não pelos antigos, mas pessoal de hoje. Eles não estão interessados mais.”
Roberto “Eles não tão interessados em nada disso. Você pode ter certeza.”
Railander “Eu acredito que não. Não posso garantir que não ne?”
Roberto “Inclusive, essa rodovia que vem vindo aí ó, a Vallourec que fez. Esse balão aqui, a Vallourec que fez. Tem nada de prefeitura aqui.”
Railander “Seria melhor, isso é lógico. Mas só que o problema aqui, é que o pessoal que mora aqui no barreiro hoje, são pessoal de idade. Os jovens são muito pouco. Aliás, no Brasil inteiro jovem tá pouco ne? E aqui tá bem menos ainda.”
Roberto “É, aqui a população é bem idosa.”
Railander “Igual onde é que eu moro no bairro lá. La tinha um córrego também, da Tereza Cristina, fecharam o córrego lá. O pessoal até pescava lá, depois tava fechado. Agora hoje em dia, só tem pessoal idoso lá. Então não tem jovem mais pra poder mexer com córrego, esse negócio não. E aqui também, mesma coisa, porque a maioria aqui é idoso. Você pode ir nas casa aqui pra você ver. Se você achar um ou dois jovens em cada casa você achou muito. É demais. Por isso que eu mudei daqui. Moro mais pra cima.”
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