Description

Enquanto eu conversava com Lorena, ouvi uma voz do outro lado da rua: “garota, adorei sua bolsa! Carro tinha que ficar fora do centro mesmo, daqui a pouco não sobra mais espaço pra gente, só vai ter carro”. Uma figura muito carismática que durante a entrevista cumprimentou a praticamente todos que passaram na rua, Adão tem 53 anos, é de Sabará, mora há 16 na rua Vereador José Maria Moreira e é fotógrafo. Quando falei sobre da pesquisa que estava fazendo a respeito da lagoa, ele narrou a lenda do surgimento dessa: “Minha vó morreu com 115 anos, e ela sempre dizia que tinha um clube, que também era prostíbulo, bem ali onde é a lagoa hoje, e aí, ali onde era a linha do trem, passavam as procissões e, um dia, o padre pediu pro dono do clube desligar o som enquanto a procissão passava, mas ele não desligou, não, e ainda xingou o padre. Aí o padre amaldiçoou o clube, o clube desabou e no dia seguinte tinha a lagoa no lugar”. Adão contou muitas coisas a respeito da área. Contou que antes havia um trilho de trem onde hoje é a extensão da Rua João Fajardo de Melo e que, inclusive, o nome “Lagoa da Reta” se referiria à “reta” que era o trilho. Também contou que ali havia muitas mortes, sendo também um espaço de desova de corpos. “Matavam gente lá em BH e desovavam o corpo nos trilhos ou na lagoa”. Fez coro aos entrevistados anteriormente e afirmou que o asfaltamento melhorou muito a região e que só faltava terminar a obra. Mas disse que alguns jovens vandalizam os feitos: “tá vendo a grama ali? Tem uma molecada que vai lá e tira, não sabem que isso é dinheiro público, que é dinheiro nosso, que vem do bolso dos pais deles”. Também contou dos afogamentos que aconteceram na lagoa e que, apesar disso e da sujeira, “ainda tem uns doidos aí que, depois de umas cachaças, pulam na água”. Depois de contar muitas histórias, finalizou contando que, apesar dos problemas, eles não possuem problemas com falta de água, ou com saneamento básico e que existe muita água limpa nas redondezas.