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Nascida em Belo Horizonte na década de 90 eu nunca tive muitos problemas com abastecimento de água. Algumas vezes a caixa d’agua do prédio onde eu moro, no Gutierrez, passava por limpezas ou alguma reforma e éramos avisados que não teria agua e me lembro que muda completamente a rotina, pegar mil baldes para guardar agua para as funções básicas, não poder tomar banho e etc., Mas nunca me marcou muito, essas experiências atuaram me mostrando a importância fundamental que a agua tem em nossas vidas e que as vezes é despercebida.
Quando pedida minha experiência com a agua me lembrei de uma situação recorrente que vivi no último ano. Situação que não envolve simplesmente a disponibilidade de agua, mas vai além, agua potável. Ao sair, para festas, bares, baladas o preço de todos os itens a venda são sempre muito caros. Mas o que me choca é o preço da agua. Em baladas em Belo Horizonte chegam a vender garrafinhas de agua de 400ml por 8 reais. O preço exorbitante das bebidas é cabível ao estabelecimento e decisão do empreendedor. Mas o preço da agua? Acho intangível. É um bem público que qualquer uma pessoa deve ter acesso. A respeito dessa confusão cheguei a ver que o estatuto do consumidor, ou qualquer um desses órgãos voltados ao consumo, definiu que estabelecimentos não podem recusar a cliente um copo de agua se solicitado. Porém, sabemos que não são só rosas, e que muitos bares não se importam muito com os estatutos do consumidor.
Nesse dilema de pagar por agua sempre optei por beber agua da pia, por uma simples questão de que água deve ser um bem público e não engarrafada por oito reais. Se fosse simples a opção de beber agua da pia para evitar pagar os altos preços não seria um problema. A questão é que a agua da pia não é feita para o consumo, lembro de levantar para familiares essa questão do preço exorbitante da agua e eles se chocarem com minha postura.
É uma questão que pode ser vista de forma tão fútil, mas acho que vai além do preço da garrafa d’agua. É uma discussão que permeia se a água potável, essencial para a vida, é ou não um bem das pessoas, que os órgãos públicos têm função de disponibilizar.

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